segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Perseguindo Estrelas...

Bobo é aquele que pensa poder controlar o futuro... Tenho sim os meus planos. Tudo calculado minuciosamente, muito bem planejado... sob controle. Compra do carro em três meses, festa de aniversário em 5 meses, viagem para Buenos Aires no carnaval de 2009, em março a festa do níver dele, viagem à Ilha da Madeira em julho... e mais a longo prazo temos a promoção no emprego (outra!) em 2010, compra do apartamento no mesmo ano, noivado em 2011, casamento em 2012 (festas... muitas festas!), filhos em 2014... É um bom plano visto daqui. Não? Não. Há falhas... Não decidi ainda onde passarei o ano novo. Também não sei se iremos mesmo na festa que combinamos nesse fim de semana. Não sei se terei que trabalhar no dia do meu aniversário... nem sei se "ele" vai ser oficial. Podem surgir outras oportunidades no caminho, não? Boas ou ruins... Não sei. Mas novas. Não sei nem se quero mesmo esses planos para a minha vida. Agora talvez os queira, mas amanhã eu já não sei... É tudo tão mecânico, tão plástico, sem novidade, sem vida... É ruim saber o futuro (ou pensar que se sabe). É sem graça. Todos traçamos muitos planos. Seguimos por algum tempo. Gostamos deles. Adaptamos um pouco, mudamos alguns pontos, seguimos novamente. Em algum momento somos forçados a mudar de novo... Abandonamos. Criamos novos planos.
Embarcamos nesse navio carregando os melhores equipamentos, crentes que domaremos as ondas. Crentes que os oceanos se renderão aos nossos radares, bússolas, sonares... Às nossas vontades. Mas esquecemos que as viagens que mais marcaram, mais importaram, mais mostraram bravura e persistência... Ah! Essas foram feitas com as velas ao vento e seguindo a rota das estrelas...
Planejarei sim, mas só até onde me for permitido... Ou só até onde me der vontade. E quando cansar largo os remos, estendo as velas e olho para o céu. Elas certamente saberão onde me levar. Vou apenas perseguir as estrelas...

"Vou deixar a vida me levar pra onde ela quiser, seguir a direção de uma estrela qualquer..."

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sapatinhos de Rubi

Um dia você acorda e descobre que sua casa foi levada por um furacão. Quando abre as janelas percebe logo que aquele não é mais o mesmo lugar. Sente o aroma do vento. Mas não é o mesmo vento. Parece mais arisco... mais inquietante... mais inspirador...

- Quem é você?
- Sou o vento.
- Por que me sinto diferente?
- Sente-se diferente?
- Sim. Renovada... forte... viva!
- E já não eras assim antes?
- Era?
- Lembra-te.
- Sim! Lembro-me... Mas já faz tanto tempo. Parece tudo tão... novo.
- E qual é a sensação?
- Poderia dominar o mundo se quisesse.
- Não sejas tola! Alguém tão frágil se renderia à primeira montanha.
- Eu a subjugaria! Nem mil delas poderiam me impedir! Nem mesmo um oceano inteiro me deteria!
- Tens determinação. Mas por que dominarias o mundo?
- Por mim. Por capricho.
- É um bom motivo.
- Sinto-me quente... Como se uma nova chama acabasse de nascer dentro de mim.
- Ela apenas despertou. Já estava aí.
- É estranho...
- Que mais poderias fazer por capricho?
- Poderia apostar uma corrida com você.
- Sou muito rápido. Não me vencerias.
- Não... Mas posso acompanhar seu ritmo. Não sou mais a mesma.
- Tens razão. Estás pronta para isso.
- Por que eu?
- Porque te conheço. Sei do que és capaz.
- Como me conheces?
- Não te lembra?
- Não...

...Então você se lembra do furacão. Da ira daquele vento. Do medo que ele pode despertar. Mas não fica assustado. Apenas registra aquilo mecanicamente, extraindo só o que foi importante. Aprende a lição...

- Não deixe sua essência de lado. Lembre-se sempre de quem tu és!
- Foi quando a essência adormeceu que perdi o controle de tudo.
- Sim.
- Não cometerei o mesmo erro.
- Estarei por perto para lembrar-te dessas palavras.
- Tens meu respeito e gratidão.
- Olhe ao seu redor agora. Veja o mundo que conquistastes.
- É lindo! Mas o que é aquilo?
- É uma estrada...
- ... de tijolos amarelos!
- Sim.
- Para onde ela leva?
- Para o futuro.
- Terei desventuras pelo caminho?
- Certamente.
- E boas surpresas?
- Muitas.
- Irei sozinha?
- Sente-se preparada?
- Absolutamente.
- Então porque perguntas?
- Alguma companhia não seria de todo mal.
- Tens a mim.
- Já é o suficiente.
- Também podes encontrar outros viajantes. Aqueles que tiveram a coragem de seguir em frente.
- Serão bem vindos.
- Pronta?
- Não! Me faltam os sapatinhos de rubi!

E como num passe de mágica eles aparecem em seus pés. E você se sente feliz por estar preparado para seguir em frente.

- Pronto! Agora estou pronta!
- Ótimo! Vamos?
- Imediatamente.

E enquanto caminha, cantarola uma velha canção. Aquela que sempre esteve em seus ouvidos, mas que agora vem de seu coração...

"Somewhere over the Rainbow
Skies are blue
And the dreams that you dare to dream
Really do come true..."

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Era uma vez um covarde...

O destino sempre escolhe aqueles que se deixam ser escolhidos ("it starts with something..."). E dessa vez era um rapaz belo e inteligente. Já havia passado por inúmeras dificuldades em sua vida, e muitas mudanças ruins haviam acontecido. Acabou com um certo trauma de mudanças... ("I kept everything inside...")... fincou suas raízes bem fundo na terra e estagnou. Tornou-se uma semente. E tinha tudo para transformar-se numa bela árvore: nem a maior de todas, nem a mais imponente, mas talvez uma das mais experientes devido às adversidades pelas quais já havia passado. Havia terra boa, água e luz do sol. Mas não foi o suficiente. As muitas adversidades pelas quais passou deixaram marcas... "I am a little bit of loneliness, a little bit of disregard, a handful of complaints, but I can't help the fact that everyone can see these scars"... E ele não se tornou o herói que podia ter sido, ou o vilão que tanto temia. Lhe restou apenas o pior papel: a vítima. Era bom ser a vítima. Todos ficavam ao seu lado, todos lhe davam apoio... Mas o tempo de vítima passou, e ele não percebeu (ou percebeu...). E mantinha a mesma postura. E sempre estava certo, afinal era a vítima! E por mais que errasse, enquanto ouvesse um sopro... uma incerteza sobre a realidade... algo em que pudesse se agarrar e que o mantivesse em seu confortável papel de vítima, já era o suficiente. Tornou-se um parasita de si mesmo. O medo de mudar, de assumir que todos somos heróis e vilões ao mesmo tempo e alternadamente o dominava, não lhe permitia mudar... "Crawling in my skin, these wounds they will not heal, fear is how I fall, confusing what is real...". Tornou-se uma marionete, movido pelas cordas da própria necessidade insana de sentir-se a vítima. Tornou-se menos, muito menos do que poderia ter sido. Transformou a terra que o nutria... tornou-a árida. Das amizades sobraram apenas as lágrimas. E aqueles que um dia se importaram, assistiam impotentes sua ruína enquanto as ervas daninhas aproveitavam-se da fraqueza daquela árvore. E fugia do sol... "There's something inside me that pulls beneath the surface, consuming, confusing"... porque o sol trazia a luz que lhe mostraria quem ele realmente era. Que não era mais a vítima e que devia abdicar desse posto o quanto antes se quisessa alcançar a copa das outras árvores. Devia assumir seus erros e seus acertos. Devia tornar-se vilão e herói. Mas ele preferia a sombra... as raízes fincadas no mesmo lugar... "(Nothing to lose) Nothing to gain, hollow and alone. And the fault is my own..." ...a segurança da não mudança... quando cansava-se da situação, tornava-se a vítima novamente, pois as vítimas sempre têem o apoio de todos. Mas os heróis e os vilões? Não... Esses não agradam à todos... não são convenientes.
É triste ver que a falta de coragem e a resistência à mudanças podem acabar com muitos futuros brilhantes... Aos poucos foi perdendo as folhas... e murchando... E em breve não haverá mais ervas daninhas. Pois até elas não gostam das árvores secas. E então ele poderá se tornar a vítima novamente... e seguir seu eterno martírio. Um ciclo de mentiras... um ciclo de uma semi-vida... E a solução de tudo sempre esteve em suas mãos... "I will never know myself until I do this on my own. And I will never feel anything else until my wounds are healed. I will never be anything 'til I break away from me. And I will break away I'll find myself today."... Mas ele nunca teve coragem de vestir a armadura e apresentar-se à batalha que é a vida.

"In this farewell, there's no blood. There's no alibi. 'Cause I've drawn regret from the truth, of a thousand lies. So let mercy come and wash away.What I've done? I'll face myself to cross out what I've become. Erase myself, and let go of what I've done".

P.S: com a trilha sonora citada durante o post a leitura deve ficar bem mais dramática. Deve chegar perto da tristeza que tive ao constatar essa realidade.

domingo, 20 de julho de 2008

E o vento sopra...

Esses dias eu me senti bonita. Bonita como há muito tempo eu não me sentia. E você percebe que irradia essa beleza, e as pessoas ao redor começam a reparar. E de repente você ouve um “Nossa! Como você está linda! Vai sair hoje?”, e em seguida um “Nossa, como seu cabelo está lindo, o que você fez?”, e além: “Seu olhar está com um brilho diferente hoje. Parece mais feliz! Viu passarinho verde?”. E repara que enquanto espera o ônibus muitos dos rapazes que estavam no ponto reparam em você enquanto você se aproxima. E começam a ficar inquietos, a andar ao seu redor como que para chamar a atenção, pedindo para que você repare neles. E não ouve nenhum “gostosa!” ou “nooossa”. Esse tipo de “elogio” não cabe nessa situação, porque eles sabem que você não vestiu a saia mais curta e passou o batom mais vermelho, sabem que você mal se produziu: pegou a primeira calça e a primeira blusa que viu na frente e mal penteou o cabelo. Mas você está realmente bonita, e transpira isso. É algo inerente ao corpo físico, é uma espécie de beleza da alma. É tão bom isso, né? E aí você repara que antes de tudo você já era bonita e de repente não se sentia mais assim. Como se tivesse perdido o seu brilho. E aí você apela para a saia mais curta, porque você quer se sentir bonita. E acaba se contentando com os “elogios” que ouve, pois é o mais próximo que você pode chegar da sensação que tinha antes. Depois de muito tempo assim é bom estar livre de novo. E brilhando novamente. Às vezes o vento sopra ao nosso favor e não conseguimos perceber na hora. E só quando a poeira baixa você percebe que está melhor, e que a tempestade levou tudo que te prendia, tudo que não te deixava ser você mesma. E daí em diante tudo melhora com uma velocidade incrível: sua vida, sua carreira, suas amizades, seus dias e suas noites. Parece que o mundo não é mais o mesmo que você vivia antes. Parece que tudo é mais bonito. Não há mais pressão nem expectativas. E você se sente assim... bonita...
"Vento faz do meu mundo novo... e voe por todo mar..."

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Doce Arqueira

Quem sou eu? Pensei muito sobre isso esses dias, sabe? E cheguei a uma conclusão: não há definição. Não há porque não sou alguém que se resume a meras palavras. Sou um conjunto de sentimentos, opiniões, sensações, pensamentos, julgamentos... enfim. Sou muita coisa para conseguir me definir assim. E o melhor de tudo: sou mutável. Não sou estática. O que é estático fica preso ao tempo. É como um relógio quebrado, triste e empoeirado que cisma em manter os ponteiros parados mesmo vendo o sol se mover no céu. Não me encaixo nessa descrição. Sou mais mutante que isso. Bem mais. Posso descrever-me por um breve período, e no momento seguinte já sou outra: com outras opiniões, outras atitudes, outros olhos para o mundo. Sou como uma fênix que quando perde o brilho torna-se pó, e no dia seguinte arde com o calor das novidades e da mudança, mas sem nunca abandonar aquilo que aprendeu e que realmente é benéfico. E prefiro assim. Então a única pergunta que me cabe é: Quem sou eu hoje? E assim eu posso responder. Responderia que hoje eu sou uma moça ciente de mim mesma. Conheço minhas transformações, minhas fraquezas, minhas forças. Sou alguém que não busca o par perfeito e nem o príncipe encantado, pois pares perfeitos não existem e príncipes encantados perdem o encanto com o tempo. Alguém que acredita em mudanças e que acredita nas pessoas, por mais que doa às vezes. Sou otimista e sempre vejo a luz no fim do túnel, mesmo quando ela não está lá. E não acredito em “verdade”. Não mesmo... As verdades também são mutantes e por isso não podem ser verdades sempre. O que é verdade hoje pode não ser amanhã, e o que é verdade pra mim pode não ser para você. É tudo muito relativo. Sou sagitariana acima de tudo e tenho mesmo um lado eqüino. E às vezes ele é mais forte que meu lado humano. Tenho mesmo um temperamento colérico e meu elemento é sim o fogo! Não poderia ser outro. Estou sempre mirando meu alvo e às vezes sem nem saber qual é... Apenas mirando na direção em que ele deve estar, ou que eu acho que deveria estar. Guardo em mim a dualidade tão certa do universo: sou doce e sou arqueira ao mesmo tempo. Posso ser tão agradável quanto o calor do fogo num dia frio, ou tão arisca quanto um cavalo selvagem que foi tirado de sua paz. E apesar de não acontecer com freqüência confesso que quando estou arisca sou animalesca e saio por aí galopando, pateando e coiceando o que estiver ao meu alcance. Mas não dura muito e logo meu lado doce domina a arqueira, que baixa o arco e abre a guarda novamente. Sou menina e sou mulher. Posso ser ambas ao mesmo tempo, ou ser uma de cada vez. Procuro ser justa sempre, e pularia num abismo por pessoas que eu gosto. E sou muito mais, vou além disso. Sou uma moça de chapéu, suspensórios, meias listradas e fones de ouvido. Porque a trilha sonora... ah, essa não poderia faltar nunca! “I’ve lost my fear to war and peace, I do my Best. The world is mine...”

Mas hoje posso ser definida assim. Amanhã eu já não sei... Resta saber agora: quem é você hoje?


**M.J**