quarta-feira, 23 de julho de 2008

Era uma vez um covarde...

O destino sempre escolhe aqueles que se deixam ser escolhidos ("it starts with something..."). E dessa vez era um rapaz belo e inteligente. Já havia passado por inúmeras dificuldades em sua vida, e muitas mudanças ruins haviam acontecido. Acabou com um certo trauma de mudanças... ("I kept everything inside...")... fincou suas raízes bem fundo na terra e estagnou. Tornou-se uma semente. E tinha tudo para transformar-se numa bela árvore: nem a maior de todas, nem a mais imponente, mas talvez uma das mais experientes devido às adversidades pelas quais já havia passado. Havia terra boa, água e luz do sol. Mas não foi o suficiente. As muitas adversidades pelas quais passou deixaram marcas... "I am a little bit of loneliness, a little bit of disregard, a handful of complaints, but I can't help the fact that everyone can see these scars"... E ele não se tornou o herói que podia ter sido, ou o vilão que tanto temia. Lhe restou apenas o pior papel: a vítima. Era bom ser a vítima. Todos ficavam ao seu lado, todos lhe davam apoio... Mas o tempo de vítima passou, e ele não percebeu (ou percebeu...). E mantinha a mesma postura. E sempre estava certo, afinal era a vítima! E por mais que errasse, enquanto ouvesse um sopro... uma incerteza sobre a realidade... algo em que pudesse se agarrar e que o mantivesse em seu confortável papel de vítima, já era o suficiente. Tornou-se um parasita de si mesmo. O medo de mudar, de assumir que todos somos heróis e vilões ao mesmo tempo e alternadamente o dominava, não lhe permitia mudar... "Crawling in my skin, these wounds they will not heal, fear is how I fall, confusing what is real...". Tornou-se uma marionete, movido pelas cordas da própria necessidade insana de sentir-se a vítima. Tornou-se menos, muito menos do que poderia ter sido. Transformou a terra que o nutria... tornou-a árida. Das amizades sobraram apenas as lágrimas. E aqueles que um dia se importaram, assistiam impotentes sua ruína enquanto as ervas daninhas aproveitavam-se da fraqueza daquela árvore. E fugia do sol... "There's something inside me that pulls beneath the surface, consuming, confusing"... porque o sol trazia a luz que lhe mostraria quem ele realmente era. Que não era mais a vítima e que devia abdicar desse posto o quanto antes se quisessa alcançar a copa das outras árvores. Devia assumir seus erros e seus acertos. Devia tornar-se vilão e herói. Mas ele preferia a sombra... as raízes fincadas no mesmo lugar... "(Nothing to lose) Nothing to gain, hollow and alone. And the fault is my own..." ...a segurança da não mudança... quando cansava-se da situação, tornava-se a vítima novamente, pois as vítimas sempre têem o apoio de todos. Mas os heróis e os vilões? Não... Esses não agradam à todos... não são convenientes.
É triste ver que a falta de coragem e a resistência à mudanças podem acabar com muitos futuros brilhantes... Aos poucos foi perdendo as folhas... e murchando... E em breve não haverá mais ervas daninhas. Pois até elas não gostam das árvores secas. E então ele poderá se tornar a vítima novamente... e seguir seu eterno martírio. Um ciclo de mentiras... um ciclo de uma semi-vida... E a solução de tudo sempre esteve em suas mãos... "I will never know myself until I do this on my own. And I will never feel anything else until my wounds are healed. I will never be anything 'til I break away from me. And I will break away I'll find myself today."... Mas ele nunca teve coragem de vestir a armadura e apresentar-se à batalha que é a vida.

"In this farewell, there's no blood. There's no alibi. 'Cause I've drawn regret from the truth, of a thousand lies. So let mercy come and wash away.What I've done? I'll face myself to cross out what I've become. Erase myself, and let go of what I've done".

P.S: com a trilha sonora citada durante o post a leitura deve ficar bem mais dramática. Deve chegar perto da tristeza que tive ao constatar essa realidade.

4 comentários:

Igor Guedes disse...

Bafon! digna!... as vezes o medo nos paralisa mesmo...

Dáfne P. Freitas disse...

mas temos de enfrentá-lo, não é mesmo xuxu? Afinal... é o que nos torna corajosos.

Natan disse...

Gostei do post, profundo...
MAs sabe o que realmente faltou para esta arvore?
Adubo, pois é de merda que se faz a vida...rs...sem ela não é possivel ver o sol na copa das arvores..

Unknown disse...

Não sei se minhas experiências me tornaram mais cético, espero que não, mas não senti essa tristeza, tampouco pena ao algum sentimento parecido. Queria que voce lembra-se o dia que te ensinei a subir em árvores...voce caiu (lembra?) e, ao contrário da maioria dos pais (quem mandou ter um como eu?...hahahah, antes de voce abrir o berreiro, comecei a rir e voce também caiu na gargalhada. Pouco tempo depois, lá estav voce outra vez se balançando nos galhos. pois bem, na Vida (nossa como eu admiro a Vida)algumas pessoas preferem nem tentar subir, assim não dói, assim não cai...mas por outro lado, nunca vão se balançar nos galhos mais altos, nas árvores mais bonitas, nem pegar as melhores frutas...elas sempre estarão nos galhos mais altos.